Nunca precisei de um cavalo. Mas já precisei urgentemente de um meio de transporte terrestre... de preferência do gênero "magrela" do qual fazem parte motos, bicicletas e patinetes!
O ano era 1998. Prova de Redação pela 2ª fase do vestibular no campus da Universidade Estadual do Ceará - UECE.
Bairro da Parangaba. Segunda-feira. Trânsito caótico. Um acidente entre dois veículos em um cruzamento importante. O atropelamento de uma pessoa pelo trem que passa pelo bairro. Somando-se a isso o número de vestibulandos que como eu iam fazer a prova na UECE: O trânsito parou.
Tinha ido de carro com uma amiga. Ficamos 20 minutos parados em uma rua.
Próximo do horário de fechamento dos portões do campus, nós nos desesperamos. Estacionei o carro sobre uma calçada qualquer e saímos, eu e minha amiga, em busca de um moto-táxi. Eu de um lado da rua e ela do outro. Os poucos que passavam estavam ocupados.
O tempo vai passando... Aumenta o desespero...
"Uma moto! Uma moto! Meu reino por uma moto!"
De repente, eu o vejo. Em sua bike reluzente, cabelos ao vento, pedalando com vigor, renovando minhas esperanças (ficou muito gay mas vou deixar assim mesmo ;-))! Um rapaz em uma bicicleta-cargo, daquelas que tem uma espécie de cadeirinha na frente onde se coloca geralmente um cesto de pães ou um garrafão de água. A bicicleta-cargo não estava transportando nada!
Não resisti e fiz a "indecent proposal" (digna daquela feita por Robert Redford a Demi Moore em 1993 - é o novo!):
"Quanto você cobra para me levar para a UECE?"
Nunca vi uma pessoa tão assustada em toda a minha vida. Talvez tenha sido a forma da abordagem. Eu cheguei correndo perto dele, todo suado e grudento, fazendo a pergunta quase aos gritos.
O fato é que o pobre rapaz levantou-se do selim e passou a pedalar com velocidade para se afastar de mim enquanto vigiava se eu não o perseguia.
Na hora fiquei enraivecido com essa atitude. Hoje, só de lembrar, caio na maior gargalhada.
No fim, tudo deu certo. Eu e minha amiga conseguimos um moto-táxi e chegamos a tempo de fazer a prova (em cima da hora!).
Antes de morrer eu desejo reencontrar o pobre rapaz da bicicleta para me explicar.
Espero que não tenha ficado com trauma.
Espero que não tenha pedido demissão do emprego depois do incidente.