Tsc, tsc... essa Veja eu não compro!
Agora, a "bola da vez" da imprensa é o caso Isabella. A questão dispensa comentários. O mais desinformado dos desinformados já deve estar sabendo do que se passa no Fórum de Santana, em São Paulo, onde ocorre o julgamento de maior repercussão na sociedade brasileira.
Tenho acompanhado em alguns noticiários televisivos e internet. Confesso que fiquei abismado pela forma com que a imprensa trata do caso.
Agora entendo a decisão do STF pela não obrigatoriedade do diploma de jornalista para se exercer a profissão. Pelo que se observa, qualquer pessoa está habilitada para se "fazer o jornalismo" que vemos hoje em dia. E isso na "grande imprensa". Não estou nem me referindo àquele lixo televisivo protagonizado por apresentadores como Ratinho, Sônia Abrãao, Datena, e aqueles programinhas das televisões locais que mostram o mundo cão e que servem para eleger vereadores nos municípios brasileiros.
As pessoas que me conhecem sabem que sou um crítico ferrenho da nossa justiça penal: acho que a justiça é muito lenta; que as leis são brandas; que o código de processo precisa ser reformulado; que o preso precisa ficar mais tempo com a sua liberdade cerceada... MAS TAMBÉM ACHO QUE todo acusado deve ter um julgamento justo; que as cadeias e presídios não devem ser um "depósito de gente"; que deve-se tentar a reabilitação pelo trabalho e educação; que o preso precisa ter a sua integridade física garantida pelo Estado... enfim... eu concordo com quase todos aqueles pontos levantados pela "galera dos direitos humanos", tão injustamente criticados pela sociedade. Ignorância pura. A questão dos direitos humanos merece um comentário futuro!
O que estamos vendo é a prévia condenção, feita pela imprensa, do casal Alexandre Nardoni e Ana Carolina Jatobá.
Você pode perguntar: "Você acha que eles são inocentes?"
Não, não acho. Ênfase no ACHO! Eu queria que a imprensa abordasse o caso investigando as possíveis linhas de investigação e não apenas pegando a versão da Polícia como a única e verdadeira e fazendo esse show: transmissão ao vivo da reconstituição do crime; imagens aéreas; VÁRIAS reconstituições feitas em animações gráficas de última geração. Eu já vi bem umas 10 reconstituições em animação 3D mostrando COMO OS NARDONI MATARAM ISABELLA. Ninguém se preocupa em apresentar de forma clara o posicionamento e a versão da defesa. Quando mostram o pronunciamento do advogado de defesa, ou o pai do Alexandre, logo em seguida aparece o âncora (Bonner, por exemplo) com aquela cara de quem comeu e não gostou, o que causa uma sutil influência na população.
Com relação ao promotor do caso, um tal de Cembranelli, que foi alçado à condição de paladino da justiça e galã (de filme de horror!), só falta se candidatar nas próximas eleições. E ele ganha!!!
A polícia e perícia deram uma demonstração de rapidez, eficiência e competência! Será? Que eu me lembre, não procederam com o devido isolamento da cena do crime. Pelo contrário, reviraram o ambiente, por exemplo. Chegaram a fazer um lanche na cozinha do apartamento. Procederam a VÁRIAS perícias, sendo que em uma delas, utilizaram reagentes químicos que não distinguem sangue, de comida. Depois, disseram que usaram um outro reagente (por cima)!!!
Mas não há interesse em enfatizar a tese da defesa. Para quê? Não se pode complicar o entendimento do telespectador. Somos considerados como Hommer Simpson, não é mesmo William Bonner? (Já deu para notar que eu não gosto dele?)
Enquetes são feitas nos programas sensacionalistas: Os Nardoni são culpados ou inocentes? A população em peso participa, como em mais um reality show, imaginando que a força do seu voto será suficiente para influenciar na decisão dos jurados. É como se fosse um paredão do BBB. E tome audiência! E a população cada vez mais embrutecida pelo linxamento público profere pérolas como:
"Dá para ver nos olhos que eles são culpados"
ou
"O advogado deles é um monstro"
Aos que dizem que "a voz do povo é a voz de Deus", lembro que o povo (nós!) tem feito excelentes escolhas, sobretudo nas urnas.
Ah! Alguém aqui lembra daquele caso da Escola Base?!?
